domingo, 5 de setembro de 2010

Professor, a realidade mudou

Muito se fala que o professor deve ter didática, procurar novas formas de educar, respeitar o tempo de aprendizagem do aluno, etc. Sabe o que é engraçado? Na minha época, nasci em 82, o professor não parecia ter nenhuma dessas preocupações, no entanto, TODOS os alunos sabiam ler e escrever (não somente seu nome, mas grandes textos também), sabiam a tabuada e efetuavam contas simples sem calculadoras. Não vou nem comentar, então, o respeito que tínhamos pelos nossos professores.
Em algum momento dessa história houve uma inversão de valores. Os pais passaram a ser somente os reprodutores, o papel de educar, no sentido de ensinar e despertar valores, foi endereçado às escolas.
Os alunos, hoje, esperam que o professor lhes dê respostas prontas. A educação tornou-se assistencialismo. Será que realmente nossos governantes pensam em construir um Brasil desenvolvido propiciando Bolsa isso e Bolsa aquilo? Daqui a pouco pediremos ao aluno que faça exercícios em aula e ele nos responderá: “Quanto ganharei para fazer isso?”
É na avaliação escrita que percebemos o quanto este aluno está defasado. Escreve a maioria das palavras erradas, e acento é um item que ele nunca viu. A boa pedagogia prega que você deve corrigir a avaliação e mostrar onde seu aluno errou. Mas será que ele realmente quer saber?
Para que estudar? Para que progredir? Para que sair da minha zona de conforto? “Se tudo na minha vida der errado, ainda terei o Bolsa Família”. Entendam que não podemos generalizar, existem pessoas a quem esse tipo de assistencialismo cai bem, ajuda, mas não acomoda. Com outros, não funciona bem assim.
Sempre estudei em escola pública, meus pais não são ricos, porém sempre compraram uniforme e material escolar, ir de chinelo para a escola, nem pensar. Éramos barrados na entrada. Se isso acontecesse, além de ser motivo de imensa vergonha, levaria bronca e umas palmadas em casa. Ah tá, como estou desatualizada, né? Hoje, isso não pode mais ocorrer. O Estado dá uniforme, mochila, caderno, tênis e, em alguns lugares, banho nas crianças. Lugar de criança é na escola, por isso, não se barra a entrada da mesma. Palmadas, então, xiiiii nem pensar. Legal! O que sobrou para os pais fazerem? Alguém consegue me responder????
Por mais que digamos, o aluno não consegue ter a dimensão de que o maior prejudicado é ele. Cresce sendo dependente e acrítico. Se para ele está bom assim, então para mim também. Quero é saber do meu bônus! Infeliz pensamento! Mas muitos pensam assim.
Se vejo bons ventos para a educação? Não, infelizmente não. E isso entristece e cansa muito um docente apaixonado pela arte de educar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Era uma vez...


Estou fazendo um curso de licenciatura que me deixa mais indignada do que já sou. Lá, a todo momento pensamos e discutimos sobre educação. Quanto mais penso e discuto, mais desesperada fico. Parece que não há solução, sempre recaímos em um problema de base: constituição familiar.
Aceito que a família dos antigos comerciais de margarina tenha mudado, porém não aceito a imensa inversão de valores. Antigamente, ou não tão antigamente assim, pois tenho 28 anos, então iremos considerar que seja na época de minha infância, ok? Era caso raro e de extrema indignação quando um filho levantava a mão para um pai, hoje, é extremamente comum. O pai pode apanhar, mas é proibido de dar palmadas corretivas em seu filho.
Não estou falando de espancamento, aliás, isso é inadmissível. Estou falando de limites, disciplina, diálogo. Apanhei algumas vezes do meu pai ou da minha mãe, já que era criança “arteira”, “levada” e, na maioria das vezes, não sabia o que podia ser perigoso para mim e para os outros. Houve extremo bom senso dos meus pais em dialogar, explicar e dar palmadas quando necessário. Por isso, aproveito para agradecer: Pai e mãe, obrigada! Por conta da educação que me deram, hoje sou uma pessoa honesta, que preza seus valores e trabalha com afinco. Vocês me ensinaram que devo respeitar a todos e zelar por uma sociedade justa e igualitária.
Agora pergunto a você, nobre leitor, a autoridade dos pais está valorizada? E a do professor? Por que muitos de nossos jovens estão preferindo o caminho das drogas, da marginalidade, da ignorância ao caminho da educação?
Precisa haver uma mudança urgente. Não acredito que a lei proibindo as palmadas seja o caminho, não acredito que investimentos em estradas e pavimentações seja o caminho.
Queria poder ter uma varinha de condão e criar a sociedade que sonho há tempos. Ou pelo menos a escola com que sonho há tempos...
“Era uma vez, em uma cidade vizinha de Pasárgada, uma escola muiiiitttoooo diferente. Lá cada professor só pode lecionar 15 aulas, no entanto, recebe por 30, utilizando o horário das outras 15 para planejar e estudar suas aulas. Todos os professores são excelentes, e aquele que não planeja e estuda nem se habilita a lecionar lá. Nesta escola, não há grades nem pichações. Os alunos aprendem logo que devem se respeitar e respeitar o próximo. Os pais fazem parte da comunidade escolar e participam ativamente da vida de seus filhos, acompanham seu rendimento escolar e seu crescimento cognitivo. Lá, todos têm seus direitos e deveres, e sabem que para exigirem seus direitos devem cumprir seus deveres.
Os professores respeitam o tempo de aprendizagem de cada aluno e, se preocupam com as condições emocionais dos mesmos, a educação é tratada com afeto.
Todos estudam as matérias básicas: matemática, língua portuguesa, história, biologia, etc., mas também, atentam-se para questões atuais em economia, política, meio ambiente, ciência e tecnologia. Há vários projetos que buscam integrar alunos de diferentes séries como o ‘Era uma vez’. Neste, alunos mais velhos lêem histórias para os mais novos a fim de despertar o hábito da leitura e incentivar a criatividade e imaginação. Ou o projeto ‘Cultivando vidas’, no qual os alunos aprendem a plantar e cuidar de diferentes espécies de plantas.
Tudo isso funciona sob a batuta de um democrático gestor escolar que está sempre preocupado em buscar o melhor para seus professores e alunos. É uma pessoa de hábitos simples, mas de opiniões e valores firmes. Ah, estava esquecendo de dizer, a escola está com matrículas abertas, alguém aí se habilita? Fim.”
É, nobre leitor, pode ser que você me imagine uma maluca beleza, mas sonho que se sonha só, é somente um sonho. Sonho que sonhamos juntos pode ser realidade. As eleições estão aí.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Composições de ponto de venda

“Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia.
Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida.” Lao-Tsé

Partindo dessa citação máxima é que preparo minhas aulas. Penso em não entregar o conteúdo mastigado, mas fazer com que meus alunos reflitam sobre uma proposta maior. Quem disse que raciocinar era fácil? Mas, também, não significa que seja chato, tedioso.
Tive uma professora na pós-graduação que sempre me dizia que ler Deleuze era massagear o cérebro com pedra. Pronto! Não precisou mais nada! Tratei logo de descobrir quem era o tal do Deleuze e o que escrevia de tão difícil assim.
Transformei a fala da minha admirada professora em estímulo para aprender, mas sabemos que nem todas as pessoas se estimulam com as mesmas variáveis. É um erro gravíssimo acreditar que já possui uma fórmula pronta de ensino-aprendizagem. Alguns alunos se estimulariam pelas mesmas variáveis que eu, outros não. É aí que se encontra o desafio.
O trabalho do professor se inicia em conhecer seu aluno e descobrir caminhos que o auxiliem na aprendizagem. Por isso, em especial na disciplina de Planejamento de Ponto de Venda (PDV), optei por fazermos composições de PDV com diversos produtos - escolhidos pelos alunos – e fotografarmos, para analisarmos quais composições estimulariam mais o consumidor a efetuar sua compra. Neste caso, o uso do photoshop estava vedado, já que a intenção não era tratar a foto.
No desenvolver do trabalho, convidamos a Angélica, aluna do curso que já é profissional do ramo fotográfico, a captar a composição dos outros alunos. Foi um excelente trabalho, todos nós trocamos informações. Finalizo concordando com o pensamento de que o professor só pode ensinar quando está disposto a aprender; e, convido você, nobre leitor, a apreciar mais um feito dos meus queridos alunos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Educação se faz com afeto!


“Eu acho que, cada vez mais nós precisamos construir uma educação afetiva. O que é educação afetiva? São laços: respeito, dignidade, coisas simples. Eu dizia que no começo, eu me preocupava até com o palavreado mais sofisticado, com situações mais contundentes de educadores da história e, aos poucos, fui percebendo que isso é importante também, mas o essencial é explicar para o professor que ele tem que olhar no olho do aluno, ele tem que cumprimentar o aluno, tem que dizer 'bom dia', 'boa tarde', 'boa noite', que ele tem que se preocupar com as dores, com as lamentações, com a história do aluno... Isso é ter uma educação afetiva. E nós temos que disseminar essa consciência.” Gabriel Chalita

Quando comecei a lecionar me preocupei em ler diversas obras de vários pedagogos ou amantes da educação como eu. Encontrei nas obras do Gabriel Chalita um item ímpar: afeto.
Perguntei-me por muitas vezes: “Como é possível proporcionar uma educação com afeto tendo alunos que desacatam, brigam e agridem seus professores? Como é possível cultivar afeto por aqueles que não sabem o significado dessa palavra?”
Ser professor é ser algo grandioso. Muitos não valorizam essa profissão, mas eu...ah, eu amo muito a minha profissão. Sei o valor que ela tem e o poder em fazer diferença na vida das pessoas, foi assim que entendi que EDUCAÇÃO SE FAZ COM AFETO.
Não consigo ser tecnicista com meus alunos, não consigo não me importar e olhá-los como números. Eu tenho a necessidade de olhar para eles, perceber o brilho nos olhos enquanto falo, fazer-me ponte para o desenvolvimento cognitivo e pessoal deles.
Gosto quando a aula vai além da disciplina a ser ensinada, gosto quando eles aprendem que o mundo pode ser melhor se formos GENTE. Gente que pode discordar do que o outro diz, mas respeita seu ponto de vista. Gente que é honesta e educada e sabe reconhecer o valor que cada coisa possui. Gente que não julga seu próximo por ter a competência em ser empático. Gente que quer ser gente e trabalhar com afinco para que a sociedade seja retrato de amor e respeito entre as pessoas.
Meus alunos me ensinam muito. Ensinam-me diariamente a ser gente com os mais diversos perfis de gente na caminhada árdua de entender este ser complexo: ser humano.

Nosso primeiro job

Fomos procurados pelos nossos colegas de Etec, dos cursos de produção agropecuária e agricultura, para elaborarmos a logomarca do Clube do Agricolino.
O Clube do Agricolino é orientado pela Profª Giane Conhalato e constituído por alunos dos cursos acima citados. O Clube visa potencializar o aprendizado de sala de aula por meio de organização de eventos como foi o Dia de Campo, auxílio a produtores rurais da região e produção de diversos outros estudos.
Os alunos de marketing trabalharam os quesitos de um briefing e a partir daí elaboraram uma sugestão de logomarca. Confeccionaram a apresentação com a fundamentação teórica do uso de cores e formas para “vender” a ideia a Profª Giane.
Considerando que este é o nosso primeiro trabalho (job), eles se saíram muito bem e tudo foi motivo de aprendizado, fiquei muito orgulhosa dos meus meninos. Sabemos que podemos melhorar sempre, no entanto, é muito interessante acompanhar nosso crescimento de forma consciente e produtiva.
Por enquanto, ainda nenhuma delas foi a escolhida, assim que obtiver uma resposta da Profª. postaremos aqui.
Então, aí estão as sugestões de logomarcas.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Paraninfa pela primeira vez!


Segundo meu aluno Rinaldo: "alguém aqui não quer a Ana Cláudia como paraninfa?"
Cri... Cri... Cri... Cri...
Não preciso escrever, eles já sabem o quanto são especiais. Aí está o discurso, meus queridos! Saudades de vocês e sucesso mais uma vez!
"Há coisas na vida que não se repetem. São sempre como se fosse a primeira vez. Ser paraninfa de uma turma como a de vocês é uma delas. A alegria profunda quando a Laura e a Lívia – representando toda a turma – trouxeram-me a notícia da escolha do meu nome e a emoção genuína que sinto hoje provam que esse é um momento único.
Dizem que nos menores frascos estão os melhores perfumes. De fato, a turma é pequena, mas durante um ano e meio foram o meu melhor perfume.
E vocês sabem que um perfume é a soma de diversas matérias-primas que interagem de maneiras diferentes proporcionando uma fragrância única.
Então, apresento, agora, a composição deste aroma inebriante.

É simples, é só colocar algumas notas da pró-atividade da Alessandra, que não pôde estar presente hoje. Da hiperatividade do Erich.
Da força de vontade do Gláucio que vinha diariamente de Nhandeara, com chuva ou sol.
Do poder de luta pelas causas nobres da Laura. Da delicadeza e educação da Lívia.
Da alegria contagiante do Luiz Cláudio. Da irreverência e personalidade ímpar da Marina.
Do carinho e simpatia do Rinaldo. Da paciência e calma do Rogério.
Do rock inteligente do Thiago Cruz, Tikim. Da quietude inquieta do Thiago Figueira.
E da determinação objetiva do Vinícius.
Enfim, é esse perfume que levarei sempre comigo.

Senhores pais e responsáveis, somos nós que estamos no palco, mas esta noite é de vocês. Aqui se celebra o sucesso da educação que deram aos seus filhos. Daqui eles partirão para conquistar o mundo.
Meus queridos afilhados, não se esqueçam de serem felizes. Mantenham sempre as notas essenciais desse perfume que vocês exalaram, e o mundo se atirará a seus pés.

E para terminar, como diria o educador Gabriel Chalita, 'ser professor é ser condutor de almas e sonhos, é lapidar diamantes'.
E vocês, meus diamantes, estão prontos. Parabéns e sucesso na nova caminhada.
Obrigada."
Cada momento é único, não há palavras para descrever como foi este.

Por que codinome professor?


Não sei se a docência me escolheu, ou eu escolhi a docência. Só sei que a partir do momento que se dá a primeira aula, a gente deixa de ser a gente mesmo e passa a ter um codinome: professor.
Posso ser milhões no Brasil, ou milhares no estado de São Paulo. Posso ser de diversas disciplinas: matemática, língua portuguesa, física, arte, biologia, etc. Posso ser do ensino infantil, fundamental, médio, técnico, universitário, etc. Posso ser muitos e ao mesmo tempo um só. Aquele que é conhecido como prof, fessor, professor para os populares; para os elitistas, simplesmente, docente.
Quando me perguntam: profissão? Respondo: professor. Automaticamente, dizem-me: Ah, então você só dá aulas? Penso: SÓ????
Sim, somente isso. Só dou aulas. Sou responsável pela formação daqueles que futuramente serão médicos e salvarão vidas; advogados que defenderão inocentes, ou não; economistas que decidirão de que forma aplicar os recursos de nosso país. Sou aquele que forma as pessoas que dirigirão nosso país e que acreditarão que professor SÓ dá aulas. Fora isso, o professor não faz mais nada. Será?
Você deve estar se perguntando, ou não, por que codinome professor?
Como já escrito quando se leciona você perde parte da sua identidade, deixamos de ser Maria, João, Rita, Cléber, Ana, para ser o professor.
Por isso, bem-vindo nobre leitor, meu codinome é professor e este é o meu mundo.
Se lhe agradar, volte sempre; se não gostar, tem o direito de se dirigir a um outro blog ou site, você tem o controle.