terça-feira, 20 de julho de 2010

Era uma vez...


Estou fazendo um curso de licenciatura que me deixa mais indignada do que já sou. Lá, a todo momento pensamos e discutimos sobre educação. Quanto mais penso e discuto, mais desesperada fico. Parece que não há solução, sempre recaímos em um problema de base: constituição familiar.
Aceito que a família dos antigos comerciais de margarina tenha mudado, porém não aceito a imensa inversão de valores. Antigamente, ou não tão antigamente assim, pois tenho 28 anos, então iremos considerar que seja na época de minha infância, ok? Era caso raro e de extrema indignação quando um filho levantava a mão para um pai, hoje, é extremamente comum. O pai pode apanhar, mas é proibido de dar palmadas corretivas em seu filho.
Não estou falando de espancamento, aliás, isso é inadmissível. Estou falando de limites, disciplina, diálogo. Apanhei algumas vezes do meu pai ou da minha mãe, já que era criança “arteira”, “levada” e, na maioria das vezes, não sabia o que podia ser perigoso para mim e para os outros. Houve extremo bom senso dos meus pais em dialogar, explicar e dar palmadas quando necessário. Por isso, aproveito para agradecer: Pai e mãe, obrigada! Por conta da educação que me deram, hoje sou uma pessoa honesta, que preza seus valores e trabalha com afinco. Vocês me ensinaram que devo respeitar a todos e zelar por uma sociedade justa e igualitária.
Agora pergunto a você, nobre leitor, a autoridade dos pais está valorizada? E a do professor? Por que muitos de nossos jovens estão preferindo o caminho das drogas, da marginalidade, da ignorância ao caminho da educação?
Precisa haver uma mudança urgente. Não acredito que a lei proibindo as palmadas seja o caminho, não acredito que investimentos em estradas e pavimentações seja o caminho.
Queria poder ter uma varinha de condão e criar a sociedade que sonho há tempos. Ou pelo menos a escola com que sonho há tempos...
“Era uma vez, em uma cidade vizinha de Pasárgada, uma escola muiiiitttoooo diferente. Lá cada professor só pode lecionar 15 aulas, no entanto, recebe por 30, utilizando o horário das outras 15 para planejar e estudar suas aulas. Todos os professores são excelentes, e aquele que não planeja e estuda nem se habilita a lecionar lá. Nesta escola, não há grades nem pichações. Os alunos aprendem logo que devem se respeitar e respeitar o próximo. Os pais fazem parte da comunidade escolar e participam ativamente da vida de seus filhos, acompanham seu rendimento escolar e seu crescimento cognitivo. Lá, todos têm seus direitos e deveres, e sabem que para exigirem seus direitos devem cumprir seus deveres.
Os professores respeitam o tempo de aprendizagem de cada aluno e, se preocupam com as condições emocionais dos mesmos, a educação é tratada com afeto.
Todos estudam as matérias básicas: matemática, língua portuguesa, história, biologia, etc., mas também, atentam-se para questões atuais em economia, política, meio ambiente, ciência e tecnologia. Há vários projetos que buscam integrar alunos de diferentes séries como o ‘Era uma vez’. Neste, alunos mais velhos lêem histórias para os mais novos a fim de despertar o hábito da leitura e incentivar a criatividade e imaginação. Ou o projeto ‘Cultivando vidas’, no qual os alunos aprendem a plantar e cuidar de diferentes espécies de plantas.
Tudo isso funciona sob a batuta de um democrático gestor escolar que está sempre preocupado em buscar o melhor para seus professores e alunos. É uma pessoa de hábitos simples, mas de opiniões e valores firmes. Ah, estava esquecendo de dizer, a escola está com matrículas abertas, alguém aí se habilita? Fim.”
É, nobre leitor, pode ser que você me imagine uma maluca beleza, mas sonho que se sonha só, é somente um sonho. Sonho que sonhamos juntos pode ser realidade. As eleições estão aí.

2 comentários:

  1. Ficou muito bom este texto, para mim, ele deveria ser publicado em uma revista especializada na EDUCAÇÃO. Vamos juntos construir uma nova forma de EDUCAR, estou com você nesse sonho.

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  2. A maior herança que um pai pode deixar para o seu filho é capacitá-lo a ser independente. A educação é capaz de tornar as pessoas independentes.
    Está na hora de fazermos alguma coisa! Precisamos despertar pais e sociedade para a necessidade de educação! Somente assim esse país poderá ser realmente "emergente". Chega de assistencialismo, isso degrada as pessoas! Tornando-as dependentes, incapazes de progredir!
    Eu quero aderir a esse sonho!
    Prof. Cecilio

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